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quarta-feira, 21 de março de 2012

PROPOSTA BRASILEIRA DE CRIAR OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É BEM RECEBIDA EM REUNIÃO DE GOVERNADORES DO BID

A proposta apresentada neste domingo (18) pelo governo brasileiro de criar, com abrangência mundial, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – em modelo semelhante aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – foram, segundo a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, “bem recebidas” pelas autoridades que participam da reunião da Comissão da Assembleia de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no Uruguai.

 

“Apesar de a proposta ter sido apresentada em um rápido debate, eles a acolheram bem, especialmente por ela não ser restrita a países em desenvolvimento. A preocupação, agora, é definir objetivos e dar maior concretude a ela, para que os chefes de Estado ajudem a montar os ODS”, disse à Agência Brasil Miriam Belchior.

 

Ela reiterou elogios aos ODM e ressaltou que a proposta não tem caráter punitivo para os países que não cumprirem as metas. “Não serão ações punitivas, mas avaliações sobre as metas, para melhorar situação do planeta”, disse.

 

Para ela, é preciso definir com clareza o organismo internacional que ficará responsável pelo monitoramento do cumprimento das metas dos ODS.“É importante avançarmos principalmente nesse ponto, já que as Nações Unidas não deixam claro quem é o responsável [por esse papel, no caso dos ODM]. Isso acaba fazendo com que a missão fique aquém dos seus desafios”.

 

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), prevista para junho, no Rio de Janeiro, também esteve na pauta de discussões. “Há ainda preocupação, tanto do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] como de outros organismos, sobre como financiar as medidas de sustentabilidade”, disse a ministra. (Agência Brasil)

ESPECIALISTAS DEFENDEM MARCO REGULATÓRIO PARA O REDD

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Fontes: Carbono Brasil

 

RIO TESTA SISTEMA PIONEIRO DE TECNOLOGIA EM CENTROS URBANOS

Funcionários municipais, trajando macacões brancos, trabalham sem alarde diante de uma parede gigante com muitas telas --uma espécie de Rio virtual em tempo real. Imagens de vídeo chegam constantemente de estações de metrô e de cruzamentos importantes. Um programa de meteorologia traça previsões de chuva em vários pontos da cidade. Um mapa se ilumina para apontar os locais onde há acidentes de carro, falta de luz e outros problemas.

 

A ordem e a precisão parecem deslocadas nesta cidade brasileira descontraída. Mas o que está acontecendo aqui reflete um experimento ousado e potencialmente lucrativo que pode moldar o futuro de cidades em todo lugar do mundo.

 

O prédio em questão é o Centro de Operações Rio e seu sistema foi criado pela IBM.

 

O Rio está servindo de teste crucial para a empresa. Até 2050, aproximadamente 75% da população mundial deve estar vivendo em cidades. Muitas áreas metropolitanas já empregam sistemas de coleta de dados como sensores, câmeras de vídeo e GPS. Avanços na potência de computação e na análise de dados agora possibilitam que empresas como a IBM coletem e organizem todos esses dados e, com a ajuda de algoritmos de computador, identifiquem padrões e tendências.

 

O mercado para suprir cidades de sistemas "inteligentes" deve chegar a US$ 57 bilhões até 2014, segundo a firma de pesquisas de mercado IDC Government Insights. A IBM quer dominar uma parte disso.

 

Aberto pela unidade de Cidades Mais Inteligentes da empresa no final de 2010, o Centro de Operações Rio faz parte de um esforço para conquistar um lugar nesse mercado. Desde sua fundação, a unidade Cidades Mais Inteligentes já se envolveu em milhares de projetos.

 

EXPANSÃO ACELERADA

 

Cidade horizontal que se estende entre montanhas e o oceano Atlântico, o Rio de Janeiro é ao mesmo tempo uma cidade em expansão acelerada, uma cidade de praia, um paraíso, uma monstruosidade, um centro de pesquisas e uma grande obra em construção.

 

Gigantes do setor petrolífero como a Schlumberger vêm correndo para construir centros de pesquisas aqui, para ajudar a desenvolver os enormes campos marítimos de petróleo e de gás.

 

Unidades policiais especiais entraram em cerca de 20 favelas, em um esforço para afirmar o controle do governo e combater a criminalidade. O Rio está reconstruindo grandes estádios e construindo um sistema de ônibus, para a Copa do Mundo de 1914 e para os Jogos Olímpicos de 2016.

 

Esta é uma cidade em que alguns dos ricos vivem em condomínios fechados, enquanto alguns dos pobres nas favelas pirateiam eletricidade da grade elétrica.

 

Uma cidade às vezes atingida por desastres --naturais ou não. Temporais podem provocar deslizamentos de terra mortíferos. No ano passado um bonde histórico descarrilou, matando cinco pessoas.

 

No início deste ano, três prédios desabaram no centro da cidade, deixando pelo menos 17 mortos e dezenas de feridos.

 

As condições complexas criam um ambiente propício para a IBM ampliar seu trabalho com governos municipais. Se a empresa puder remodelar o Rio de Janeiro como cidade mais inteligente, poderá fazer o mesmo em qualquer outro lugar do mundo.

 

Uma cidade inteligente é uma cidade com informação", disse Guru Banavar, 45, o executivo-chefe de tecnologia da IBM para o setor público global. "Uma vez que você tenha as informações necessárias, entenda-as e saiba o que fazer com elas, estará a meio caminho da inteligência."

 

O fato que catalisou a criação do centro de operações foi uma tempestade torrencial ocorrida há quase dois anos. Por volta das 4h daquela manhã, o prefeito Eduardo Paes começou a receber informações alarmantes. Deslizamentos de terra estavam ocorrendo em algumas favelas, e havia o risco de muitos mais. Houve inundações inesperadas.

 

Carros e caminhões estavam ilhados na água, que não parava de subir. Mas o Rio não contava com um local específico a partir do qual o prefeito pudesse monitorar a situação e supervisionar a resposta. "Percebi que éramos muito fracos", recordou.

 

Eduardo Paes viveu no Estado americano de Connecticut na adolescência e se lembrava que algumas cidades americanas decretavam "dias de neve", para que pudessem limpar as ruas.

 

Ainda na madrugada, ele começou a telefonar para estações de TV, rádios e jornais, declarando estado de emergência e recomendando à população que não saísse de casa.

 

"Não tínhamos planos para isso, mas funcionou", disse Paes. Sessenta e oito pessoas morreram, mas o número de mortos poderia ter sido muito maior. Mesmo assim, o prefeito decidiu que o Rio poderia fazer melhor.

 

Ele teve um encontro com a IBM, que tinha desenvolvido centros de controle de criminalidade para Madri e Nova York, além de um sistema de cobrança de taxa de congestionamento de trânsito para Estocolmo. Só que criar um sistema para o Rio, abrangendo a cidade inteira, era um empreendimento muito maior.

 

A IBM administrou o projeto em sua íntegra. Empresas locais cuidaram da construção e das telecomunicações. A Cisco forneceu infraestrutura de rede e o sistema de videoconferências que liga o centro de operações à casa do prefeito. As telas digitais são da Samsung.

 

A IBM incorporou hardware, software, capacidades analíticas e de pesquisas. Uma plataforma de operações virtual atua como centro de coleta e distribuição de dados, integrando as informações que chegam por telefone, rádio, e-mail e mensagens de texto. Quando os funcionários da prefeitura entram no sistema, eles podem carregar informações de uma cena de acidente, por exemplo, e ver quantas ambulâncias foram enviadas para o local.

 

Podem analisar informações históricas para identificar os locais onde tendem a ocorrer acidentes de carro, por exemplo. Além disso, a IBM desenvolveu um sistema de previsão de enchentes customizado para a cidade.

 

O prefeito disse que o projeto custou ao Rio cerca de US$ 14 milhões. Se tudo funcionar, poderá fazer do Rio um modelo de gestão municipal movida por dados.

 

"Queremos colocar o Rio à frente de todas as cidades do mundo em matéria de operações do cotidiano e resposta a emergências", afirmou o prefeito. Mas, segundo ele, o desafio será fazer a cidade funcionar com mais eficiência sem, entretanto, diluir o espírito que a faz ser o que é. "Não queremos ser uma Lausanne ou Zurique", acrescentou.

 

PROVA DE EFICIÊNCIA

 

No final de janeiro, um edifício de 20 andares no centro do Rio, situado ao lado do Teatro Municipal, desabou, arrastando com ele dois outros prédios. O centro de operações entrou em ação imediatamente.

 

Por mero acaso, um funcionário da prefeitura estava tomando uma cerveja perto do local e avisou Carlos Roberto Osório, secretário de obras públicas e conservação da cidade. "Ganhamos um minuto graças à sorte", falou Osório. "Mas o sistema funcionou muito bem."

 

No centro de operações, funcionários alertaram os departamentos de bombeiros e da Defesa Civil e depois pediram às empresas de gás e de eletricidade que cortassem o fornecimento à área em volta do desastre. Outros fecharam temporariamente o metrô a partir do local, fecharam o acesso à rua, despacharam ambulâncias, alertaram hospitais, enviaram equipamentos pesados para remover os escombros e ativaram guardas civis para esvaziar prédios nas redondezas e garantir a segurança do local.

 

O Twitter do centro de operações alertou seus seguidores sobre as ruas bloqueadas e os caminhos alternativos possíveis. O próprio Carlos Osório dirigiu-se ao local às pressas e, de lá, postou fotos para suas contas no Twitter e no Facebook.

 

Pelo menos 17 pessoas morreram no desabamento. Mas a resposta coordenada da cidade foi uma vitória para o centro. "Nunca antes conseguimos reagir tão prontamente", disse Osório.

 

ARGUMENTOS A FAVOR

 

Em fevereiro, Osório estava em pé no Sambódromo, sob o calor do meio-dia, supervisionando a reconstrução do local, duas semanas antes do Carnaval.

 

A prefeitura tinha prometido alargar o espaço e acrescentar milhares de assentos em tempo para as Olimpíadas. Osório queria ver as obras concluídas em tempo.

 

Há muitas outras obras em andamento no Rio. Após décadas de descaso, o governo e empresas privadas estão investindo intensamente na modernização da infraestrutura e de serviços como os transportes.

 

Isso inclui um projeto de US$ 4,5 bilhões de revitalização da zona portuária, para fazer dela uma ampla área residencial, comercial e de turismo.

 

Em meio a tantas transformações, as autoridades enxergam o centro de operações como uma influência estabilizadora, além de ponto em favor da cidade. Carlos Osório diz que o centro de operações está sendo usado para minimizar inconvenientes e também para atrair investimentos.

 

O centro de operações vem recebendo muita publicidade no Brasil e no exterior. Apesar disso, muitos cariocas nunca ouviram falar dele, ou, se ouviram, não têm certeza de qual é seu papel.

 

Alguns se perguntam se não será tudo apenas "para inglês ver" --tranquilizar as autoridades olímpicas e os investidores estrangeiros. Outros receiam que essa vigilância toda tenha o potencial de limitar as liberdades ou invadir a privacidade dos cidadãos. Ainda outros enxergam o centro como uma solução tapa-buracos e que não resolve os problemas infraestruturais.

 

Numa noite de fevereiro, um incêndio começou na Visconde de Pirajá, uma rua comercial elegante em Ipanema. Alguns cariocas fotografaram o incêndio com seus smartphones. Pouco antes das 19h, a atriz Pitty Webo, que vive nas proximidades, começou a alertar seus seguidores no Twitter. Alguns minutos mais tarde, o Twitter do centro de operações informou que o trânsito estava sendo desviado da área.

 

A planejadora de eventos Luiza Amoedo juntou-se à multidão que acompanhava o incêndio a partir de uma praça nas proximidades. Vidraças racharam e caíram sobre a rua, espatifando-se. Carros de bombeiros chegaram e socorristas desceram de um helicóptero vermelho sobre o telhado do prédio em chamas.

 

A situação na rua era de caos. Ninguém tinha passado um cordão de isolamento em torno da praça ou afastado os espectadores do caminho da chuva de vidro. Uma extremidade da rua estava fechada ao tráfego, mas, na outra extremidade, um policial de trânsito direcionava os carros para darem a volta à multidão.

 

"O Rio está muito longe de estar preparado", comentou Amoedo com um suspiro. "Nada funciona. É um absurdo. Estamos em 2012. Isto não deveria ainda estar acontecendo até hoje."

 

No ano passado, um bonde descarrilou no bairro histórico de Santa Teresa, matando cinco pessoas. O governo estadual do Rio, não a prefeitura, era responsável pela manutenção dos bondes e suspendeu a circulação deles.

 

"O sistema que o prefeito criou vai resolver um problema quando acontecer, mas não resolve os problemas de infraestrutura", comentou Alexandre Hartz, avaliador de riscos de seguro-saúde que tomava uma cerveja no bairro. "A cultura do Rio de Janeiro é de reação, não de prevenção."

 

Desde os deslizamentos de terra de dois anos atrás, a cidade instalou em 66 favelas sirenes que são ligadas ao centro de operações por uma rede sem fios. A prefeitura já promoveu vários treinos de uso do sistema, nos quais voluntários ajudaram a retirar os moradores de suas casas.

 

Em condições reais de enchente, o centro de operações decide quando acionar as sirenes.

 

Mas, segundo o prefeito, é difícil para a população entender quando uma crise foi evitada. "São os problemas que poderiam acontecer e que deixam de acontecer, todos os dias", disse Márcio Motta, o subsecretário da Defesa Civil do Rio.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

terça-feira, 20 de março de 2012

Cidades e Soluções: JARDINS FILTRANTES + RAIO-X DO CARVÃO VEGETAL NO BRASIL

JARDINS FILTRANTES (Inovante)

O Cidades e Soluções mostrou que jardins, além de embelezar a paisagem e melhorar a qualidade de vida de uma cidade, oferecendo lazer e um clima agradável, também podem tratar esgoto. Vem da França o exemplo dos jardins filtrantes, que tratam esgotos de comunidades inteiras, resíduos industriais e até as águas do rio Sena.

A repórter Joana Calmon foi conferir a tecnologia da empresa Phytorestore, que combina a capacidade de absorção de poluentes de algumas plantas com a capacidade de oxigenação de outras. Tudo sem perder de vista a beleza – o projeto paisagístico é inspirado nas obras de Claude Monet.(Leia mais)

BRASILEIROS DESCONHECEM A RIO+20. POR QUÊ? (Instituto Ethos)

A três meses da sua realização, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável ainda não é conhecida pelos brasileiros. (Leia mais)

terça-feira, 6 de março de 2012

A SUSTENTABILIDADE É UM PRODUTO QUE DÁ BOA VISIBILIDADE

Gradativamente as empresas estão percebendo que investir em sustentabilidade é um bom negócio no médio e longo prazos. Em breve, será um bom negócio mesmo no curto prazo, pois a consciência por um mundo melhor, despoluído, faz bem às pessoas e economiza recursos do setor público na área de saúde. Isto está cada vez mais presente na mente das pessoas, enquanto consumidoras ou mesmo dirigentes públicos e privados.

 

Durante muitos anos, a indústria tabagista recolhia para o governo menos impostos do que ele gastava em seus hospitais e com previdência social. Ou seja, o malefício do tabaco era e é maior do que os benefícios tributários. Por esta razão, essas empresas já não gozam, como no passado, da simpatia do governante.

 

A própria legislação já não vê o fumante como um cidadão de primeira classe, banindo o fumo de ambientes públicos, fechados ou até mesmo abertos. Guindados à categoria de droga, os cigarros e as bebidas são vistos como inimigos de uma sociedade mergulhada em drogas e com problemas sociais, de segurança e de saúde .

 

Instaurou-se uma caça a bruxas, a produtos nocivos à saúde. E esta guerra não se restringe a produtos finais. Ao longo de toda a cadeia do processo produtivo, há uma preocupação com preservação e bem-estar das pessoas. O amianto, por exemplo, antes visto como um produto excelente na construção civil, na fabricação de telhas e caixas d’água, ganhou inimigos em quase todos os países do mundo, que travam uma batalha sem tréguas para eliminar esse produto cancerígeno. E a indústria do amianto corre tardiamente em busca de matéria-prima ou processo que substitua o amianto, sobretudo no segmento de construção civil.

 

Em meio a uma guerra declarada a drogas e aos produtos nocivos à saúde, as empresas, começam a abraçar a causa socioambiental, como a sua grande bandeira, na construção de uma sociedade com mais qualidade de vida e que projete para o seu negócio uma melhor imagem.

 

O marketing da sustentabilidade

 

O novo consumidor procura alimentos saudáveis e naturais e adota de vez a ideia de vida com saúde. Hoje, há uma busca por um comedimento alimentar, na qual a magreza é vista como uma nova virtude.

 

Portanto, muitas empresas precisam repensar seus negócios, antes que seja tarde e seus produtos emagreçam e virem pó, como aconteceu com os filmes fotográficos e cinematográficos analógicos em rolo da antigamente toda poderosa Kodak, diante das câmaras digitais. Foi ela quem inventou a câmera digital e o filme digital, mas manteve a invenção na prateleira, esperando um momento melhor, ou seja, tentando alongar ao máximo a vida útil do filme em celuloide. Antes tarde do que nunca é uma grande bobagem: a espera torna um produto obsoleto antes mesmo de ser lançado.

 

São negócios inteiros que se desfazem por falta de visão tecnológica e/ou mercadológica. Portanto, faz-se necessário pensar em sustentabilidade 24 horas ao dia.

 

As empresas devem ver o seu negócio dentro da aldeia global como um evento para um mundo melhor, aqui, agora e sempre. Temos novos mandamentos básicos neste novo mundo que precisa ser sustentável: preservar a água dos rios e nascentes, praias e lagoas, manter limpo o ar e o solo, e, sobretudo, não desmatar. E eles valem sobretudo para as grandes empresas que estão expostas diariamente ao consumo e enfrentam uma grande concorrência.

 

É preciso, no entanto, investir em comunicação para divulgar as ações preservacionistas que ajudarão a manter a imagem da empresa, sempre com bom conceito, junto a uma comunidade cada vez mais esclarecida e preocupada com a qualidade de vida.

Esta é uma ação que trás mais visibilidade para a empresa e, consequentemente, resultados de médio prazo nas vendas e, por decorrência, no lucro ao longo prazo. Por isso, investir em marketing – em todas as suas fases, da matéria-prima ao descarte, deve ser uma ação contínua, pois, se for esporádica, poderá ser inócua.

 

Quanto custa a sustentabilidade?

 

O custo de um marketing que inclua itens socioambientais e o valor dos produtos seriam sustentáveis? Em um artigo, Nizan Guanaes propõe uma resposta: “o sonho de consumo do brasileiro não é só o básico, é o luxo; a base da pirâmide não sonha em ser a base, mas sonha para cima”. (Manhã de Carnaval, Folha de S.Paulo, 21/2/2012, caderno B Mercado, p. B4.)

 

E na busca da realização de seus sonhos estaria o consumidor preocupado em consumir apenas produtos ecologicamente corretos? Talvez sim, talvez não.

 

O mercado brasileiro está preparado para estes produtos ecologicamente corretos? As pessoas estariam dispostas a pagar 20% a mais pelos produtos sustentáveis?

 

Segundo estudos do Instituto Akatu, os consumidores estão dispostos a pagar até 25% a mais por produtos ambientalmente amigáveis, pois ele sabe que vai ter de pagar a diferença de qualquer jeito, seja na hora da compra, seja no futuro, com a manutenção da saúde ou limpeza do meio ambiente.

 

O próprio Nizan Guanaes, no mesmo texto, arremata: “cada vez mais, o mundo quer ser brasileiro. Nosso estilo de vida agrada ao mundo. O Brasil não odeia ninguém. O Brasil não quer derrotar ninguém (menos no futebol, a Argentina). O Brasil é sorriso, e o mundo quer sorrir”.

Mas todos no planeta odeiam o Brasil, quando o assunto é o desmatamento da Amazônia.

 

Passos para a sustentabilidade

 

Sustentabilidade de acordo com a ONU é “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.

 

Isto implica mudança de postura empresarial. A seguir, sugerimos um roteiro.

 

1 A sustentabilidade deve ser uma busca contínua dentro da empresa. Mas “se uma empresa buscar ser 100% na sustentabilidade de imediato ela quebra”, afirma Albélio Dias, da Academia Mineira de Marketing.

 

<http://www.administradores.com.br/informe-se/entrevistas/marketing/se-uma-empresa-entrar-100-na-sustentabilidade-ela-quebra-diz-especialista-em-marketing/65/> Acesso: 24.fevereiro.2012, 17h45min

 

2. Eu digo, porém, que, se as empresas muito expostas não considerarem a sustentabilidade em seus planejamentos estratégicos, a probabilidade de quebra também existe e é grande. As menos expostas, provavelmente, demorarão mais a serem percebidas pelos clientes.

 

3. A busca pela sustentabilidade deve fazer parte da cultura da empresa, mobilizando funcionários, acionistas, fornecedores e consumidores. É sobretudo, um processo educativo.

 

4. A sustentabilidade deve ter início em um produto e depois se estender aos outros produtos da linha da empresa.

 

5. A sustentabilidade deve estar focada no negócio da empresa.

 

6. É preciso formar pessoas social e ecologicamente responsáveis.

 

7. Deve-se desenvolver pensamentos sustentáveis nos consumidores e fornecedores.

 

O hemisfério norte experimentou um desenvolvimento baseado na utilização de matérias-primas e mão de obra do hemisfério sul. Muitas vezes, esse uso foi abusivo, devastando grandes áreas florestadas e, o que é muito mais grave, destruindo grupamentos humanos.

A palavra sustentabilidade está na moda. As ações de sustentabilidade estão na primeira infância. O marketing socioambiental pode ajudar a acelerar o processo de amadurecimento.

 

* Marcos Cobra é professor da Universidad De La Empresa (UDE), Montevidéu, Uruguai; presidente do Instituto Latino-Americano de Marketing e Vendas (Ilam), São Paulo, SP; pós-doutorado na University of Texas System (UTS), Estados Unidos; mestre e doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, onde foi professor e chefe do Departamento de Marketing; homenageado no Mkt Best 2011 pela sua contribuição ao marketing brasileiro como professor e profissional (http://www.ilam.com.br/).