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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sebrae capacita 500 catadores de materiais recicláveis no DF

Atualmente, renda mensal da categoria costuma ser inferior a de um salário mínimo/Foto: Adenilson Nunes/Gov/Ba

Quinhentos catadores de materiais recicláveis, integrantes de associações e cooperativas serão beneficiados com a implantação do Projeto de Capacitação e Fortalecimento do setor. A partir de 2012, a metodologia desenvolvida pelo Sebrae no Distrito Federal será aplicada nas 29 cooperativas do DF, com o objetivo de estimular nos catadores competências necessárias para a melhoria da gestão. Com isso, estima-se elevar o grau de eficiência organizacional, desde a coleta até a comercialização de produtos.

Para Daniel Hudson, gestor do projeto do Sebrae no DF, a expectativa é aumentar o volume de material reciclado produzido pelas cooperativas e também elevar a renda média dos catadores. “Se aumentarmos em 15% o volume do que for coletado, ou seja, de 2.700 para 3.105 toneladas, a renda média da categoria passa de R$ 485 para R$ 557,75. Assim, o valor recebido por mês ultrapassa o salário mínimo”, avaliou Hudson à Agência Sebrae.

Outro objetivo do projeto é preparar os catadores para a realização de megaeventos esportivos no Brasil, como a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016). “Sabemos que os mundiais terão a sustentabilidade como um dos princípios, prevendo a coleta seletiva e a triagem do material, recolhido pelos catadores”, observou Hudson.

A Cooperativa Popular de Coleta Seletiva de Produtos Recicláveis com Formação e Educação Ambiental (Coopativa) foi a primeira a receber a metodologia desenvolvida pela instituição, em 2010. Para atender aos próximos catadores que participarão do projeto, entre associados, dirigentes e conselheiros, serão formadas 10 turmas de 25 alunos para cada oficina.

“Essa quantidade é adequada para aplicação da metodologia, pois os dirigentes e os catadores líderes serão multiplicadores. Assim, toda a organização será impactada”, frisou Hudson. Além disso, várias cooperativas e associações estão localizadas na mesma região e área, o que possibilita a aplicação integrada em mais de um local.

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Formalizar o trabalho dos catadores de material reciclável é um dos principais pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto de 2010. Até então, a atividade era realizada de maneira voluntária. “O maior mérito dessa lei é a inclusão social de trabalhadores e trabalhadoras que, por muitos anos, foram esquecidos e maltratados pelo Poder Público”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à época da aprovação da nova lei.

O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) espera que os trabalhadores possam ser remunerados pela prestação de serviços às prefeituras pela coleta, separação e reciclagem do lixo. Para o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Lixo, Severino Lima Junior, a PNRS ajudará na valorização da profissão. “Queremos que a lei aumente a renda dos recicladores. Atualmente a renda média de um catador é de cerca de um salário mínimo (R$ 510)”, observou Severino Lima Júnior, um dos líderes da entidade.  Fonte: Publicado originalmente no site EcoD.

 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

RIO TERÁ PRIMEIRA "BOLSA VERDE" DO PAÍS

O Rio de Janeiro terá a primeira "Bolsa verde" do Brasil. O projeto inédito pretende desenvolver um mercado de ativos ambientais para promover a economia verde fluminense. Será o primeiro mercado de carbono do país, mas o leque de commodities negociadas será mais amplo: terá efluentes industriais, reposição florestal e até lixo. A previsão é que comece a operar em abril de 2012, às vésperas da Rio+20, a conferência sobre desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

O primeiro passo nessa direção é o acordo de cooperação que será firmado amanhã entre a Secretaria de Estado do Ambiente, a Fazenda municipal e uma associação civil sem fins lucrativos, a BVRio. "A Bolsa é um ambiente de negociação, onde quem precisa de determinados ativos compra de quem tem", explica Suzana Kahn, subsecretária de Economia Verde da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio. Entre esses ativos, o carbono é o mais importante.

O mercado mais forte de créditos de carbono no mundo é o europeu. Movimentou mais de € 100 bilhões em 2010. A base é o estabelecimento de um teto de emissões de gases-estufa (conhecido em inglês por "cap") e a comercialização de licenças para emitir ("trade"). Algumas vezes tais licenças são doadas pelos governos às empresas; outras, são vendidas.

A empresa que emite mais do que seu teto tem débito e compra créditos da outra, que emitiu menos - sistema de compensação e comércio conhecido por "cap & trade". "Queremos estimular a melhor eficiência e incentivar quem consegue reduzir emissões a custo menor", diz Suzana. No futuro, a Bolsa deverá abranger também energia renovável e biomassa.

O mesmo raciocínio se aplica aos efluentes industriais na Baía da Guanabara ou para créditos de logística reversa e reciclagem. No último caso, a lei determina que os produtos ou suas embalagens voltem às indústrias depois do consumo. A lógica aqui é permitir que empresas ou cooperativas que realizarem atividades de logística reversa vendam seus créditos a quem precise. "O crédito atesta que alguém reciclou uma tonelada de aço", ilustra Pedro Moura Costa, presidente-executivo da BVRio.

"Uma empresa precisa reciclar aço, mas pode comprar os créditos de alguém que fez o trabalho para ela", explica Moura Costa. "Você delega o que tem que fazer a empresas especializadas, que podem realizar o trabalho a um custo menor do que você faria e de um modo melhor."

A BVRio é uma associação civil sem fins lucrativos, que quer desenvolver os tais ativos ambientais. Os associados da BVRio são representantes de empresas, tanto de indústrias como de outros setores (inclusive bancos) ONGs e cientistas ou pessoas envolvidas com finanças ambientais. Terá câmaras temáticas para discutir como esse espaço de negociação "pode nos ajudar a migrar para a economia verde", diz Suzana.

Outro setor de transação na Bolsa verde será voltado aos proprietários rurais que tiverem uma área de florestas maior do que a exigida por lei (a chamada reserva legal). Eles poderão vender seus certificados para outros proprietários, que precisarem recuperar áreas. É um esquema similar aos créditos de reposição de retirada de vegetação. Nesse tópico, quem usa madeira retirada de florestas nativas tem obrigação de repor o que tirou. Empresas que fizerem plantio de modo voluntário poderão vender créditos às que têm a obrigação de repor a mata.

"O governo tem que criar a demanda para cada uma dessas commodities", explica Moura Costa. "Estamos trabalhando para que o Estado tenha metas de redução", diz Suzana, referindo-se aos gases-estufa. Ela adianta que há contatos com siderúrgicas, empresas de petróleo e gás, cimento, para identificar o custo de cortar emissões. "Ao mesmo tempo, queremos criar um mecanismo de mercado para que possam cumprir suas metas", explica a subsecretária. "De um lado estaremos apertando, mas de outro, criando condições para que a economia verde deslanche."

Se o objetivo imediato da Bolsa fluminense é estimular a economia verde no Estado, a iniciativa pode ter estímulos indiretos. Um deles, por exemplo, é atrair para o Rio um setor de prestação de serviços ambientais que, em Londres, já representa 9.000 empresas, em prega 160 mil pessoas e tem faturamento anual de 23 bilhões de libras esterlinas, diz Moura Costa.

Ele foi o fundador de uma das maiores empresas do mercado de carbono do mundo, a Ecosecurities, adquirida em 2009 pelo J.P.Morgan. "Quero agora fazer algo semelhante no Brasil", diz. Engenheiro agrônomo com especialização florestal, Moura Costa acredita que a Bolsa verde pode aumentar a qualidade das metas ambientais que já existem, "que serão implementadas de modo melhor e por um custo menor".

"É muito difícil estimar o volume de operação dessa Bolsa", registra Eduarda La Rocque, secretária municipal da Fazenda do Rio. As conversas entre o governo estadual e o municipal se iniciaram há três meses, conta ela. "Queremos trazer o mercado financeiro mais para perto da economia verde", diz ela. "Essa iniciativa carrega junto todo um entorno de serviços, que envolve advogados, corretoras e uma Bolsa de valores."

Há muitos anos, o mercado de ações do Rio foi transferido para São Paulo. "Vamos ter que conseguir uma Bolsa parceira no projeto, que pode ser a de São Paulo, desde que toda a 'inteligência' da Bolsa verde esteja aqui", diz Eduarda. "Bolsa hoje é virtual. Em tese, as transações podem ser feitas independentemente de onde se esteja."

Há várias iniciativas similares à do Rio em estudo no Brasil. O governo federal há anos estuda o desenvolvimento de um mercado nacional de créditos de carbono. "Isso não é simples. Estamos, agora, estudando todas as regras", antecipa Suzana. Segundo ela, a recente conferência internacional sobre mudança climática da ONU em Durban, na África do Sul, foi positiva (mesmo que os avanços tenham sido tênues) nesse sentido.

"Durban apontou com clareza que há uma tendência irreversível para a economia de baixo carbono", diz. "Isso cria, no mercado, uma expectativa positiva. Ninguém vai querer investir em uma tecnologia que será obsoleta em 10 ou 15 anos."

Fonte: Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal Valor, 19-12-2011.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

NIVEL DE CO2 AUMENTA 2% NOS ULTIMOS 12 MESES E 29% DESDE 1990

Como era de se esperar, a proximidade da COP17, que começa no próximo dia 28, está servindo de estímulo para a divulgação de vários estudos sobre as emissões de gases do efeito estufa (GEEs).

 

No mais recente deles, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) alertou que a concentração de GEEs na atmosfera cresceu 2% entre 2009 e 2010. Desde 1990, a concentração desses gases subiu 29%.

 

O nível de CO2 chegou a 389 partes por milhão (ppm), contra 386ppm no ano anterior. Antes da Revolução industrial, no fim do século XIX, a concentração de CO2 era de apenas 280ppm. A taxa média de crescimento do CO2 foi de 1,68ppm anuais nos últimos 31 anos, sendo que esse ritmo vem se acelerando. Em 1995, a taxa estava em 1,43ppm e já no ano seguinte passou para 1,94ppm.

 

Para piorar, um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou que se quisermos evitar que a temperatura da Terra não ultrapasse os dois graus Celsius de aumento que os cientistas estipularam como sendo o limite para evitar consequências climáticas mais graves, teremos que reduzir as emissões drasticamente já em 2017. Segundo a AIE, a partir dessa data ficaria impossível evitar os piores efeitos do aquecimento global, como desastres climáticos mais intensos e frequentes.

 

O problema é que se não foi possível realizar ações concretas de redução de emissões na COP15, em Copenhague em 2009, quando a atenção mundial estava muito mais focada nas mudanças climáticas, nem na COP16, em Cancun no ano passado, quando não havia a sombra de uma crise econômica atrapalhando as negociações, como é que podemos ter esperança para a COP17, em Durban?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Buraco na camada de ozônio na Antártida é tão grande quanto a América do Norte

ostado em 26/10/2011 às 08h55

O primeiro buraco de ozônio significativo sobre a Antártida está revelando um talho na camada protetora da atmosfera tão grande quanto a América do Norte, afirmam cientistas. Abrangendo cerca de 25 milhões de quilômetros quadrados, o buraco sobre o Pólo Sul atingiu seu tamanho máximo anual em 14 de setembro, tornando-se o quinto maior já registrado.

O maior buraco de ozônio na Antártica já registrado ocorreu em 2006, com um tamanho de 27,5 milhões de quilômetros quadrados, documentado por observação pelo Earth-observing Aura satellite, conforme informado pelo LiveScience

O buraco na camada de ozônio na Antártica foi descoberto no final de 1970, durante a primeira missão do satélite que podia medir o ozônio - uma nave espacial chamada POES, gerida pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). O buraco continuou crescendo de forma constante durante 1980 e 90, embora desde o início de 2000, o crescimento tenha sido estabilizado. Mesmo assim os cientistas viram uma grande variabilidade no tamanho de ano para ano.

Na superfície da Terra, o ozônio é um poluente, mas na estratosfera forma uma camada protetora que reflete a radiação ultravioleta de volta ao espaço, protegendo-nos dos raios ultravioletas prejudiciais.

Para os cientistas, os grandes buracos na camada de ozônio estão mais associados com invernos muito frios sobre a Antártida e de ventos polares que impedem a mistura do ar rico em ozônio de fora da circulação polar com o esgotamento do ozônio do ar interior.

Há uma grande variação de ano para ano, em 2007, o buraco de ozônio diminuiu 30% desde o recorde de inverno de 2006.

Em 2007, Ronald van der A - cientista sênior do projeto do Instituto de Meteorologia Royal Dutch, na Holanda, disse que "Embora o buraco seja um pouco menor do que o habitual, não podemos concluir que a camada de ozônio já esteja se recuperando".

Este ano, a região de ozônio sobre a Antártica caiu 30,5 milhões de toneladas, em comparação com o recorde de 2006, com perda de 44,1 milhões de toneladas. Van der A disse que variações naturais nas mudanças de temperatura e na atmosfera são responsáveis ​​pela diminuição da perda de ozônio, e isso não é indicativo de uma recuperação em longo prazo.

Ao longo de dois a três meses, aproximadamente 50% do valor da coluna total de ozônio na atmosfera desaparece. Em alguns níveis, as perdas chegam a 90%. Na primavera, as temperaturas começam a subir, o gelo evapora e a camada de ozônio começa a se recuperar.

O frio intenso na alta atmosfera do último inverno ártico criou reações químicas nas superfícies dos cristais de gelo nas nuvens, liberando formas ativas de CFCs e criando o primeiro buraco de ozônio significativo já registrado sobre as regiões setentrionais, segundo relataram os cientistas na revista Nature.

Este ano, pela primeira vez, os cientistas também encontraram um esgotamento de ozônio sobre o Ártico, que se assemelhava a sua contraparte, o pólo sul.

Os dados mostram uma grande variabilidade, mesmo após a proibição do uso de CFCs. Inicialmente os cientistas previram uma recuperação parcial. Mais tarde eles ajustaram os modelos e pronunciaram que a recuperação levaria décadas. Com informações do ICECAP.

+ Aumenta destruição da camada de ozônio, adv

 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SOCIEDADE ORGANIZADA QUER PROTAGONISMO DO BRASIL NA RIO+20

A sociedade organizada brasileira acredita que o país deve exercer papel de protagonista na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), marcada para junho de 2012 na cidade do Rio de Janeiro. A conclusão faz parte do Relatório Final de uma consulta pública promovida pelo Ministério do Meio Ambiente para coletar subsídios à elaboração do documento que o Brasil submeterá à ONU em 1º de novembro, contendo suas propostas e visões para a Rio+20.

 

A consulta foi realizada entre os dias 5 e 25 de setembro, por meio de questionário online disponibilizado no endereço http://hotsite.mma.gov.br/rio20. As 11 questões trataram do progresso da agenda do desenvolvimento sustentável nas últimas décadas, no Brasil e no mundo, e sobre os temas da conferência: (1) economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e do combate à pobreza e (2) estrutura de governança institucional para o desenvolvimento sustentável.

 

No total, o ministério recebeu 139 questionários, de todas as cinco regiões do Brasil, sendo 103 da sociedade civil, 16 de empresas, 9 da comunidade acadêmica e 11 de governos locais. As respostas foram compiladas pela equipe da Assessoria Extraordinária do MMA para a Rio+20 (ASRIO). O resultado (Relatório Final) será levado à Comissão Nacional Organizadora da Rio+20 em reunião no próximo dia 26.

 

Tendo em vista o pouco tempo que a consulta ficou aberta, o resultado superou nossas expectativas â€" tanto em termos de quantidade quanto de qualidade das propostas”, diz Yana Dumaresq Sobral, assessora extraordinária adjunta da ASRIO. Além disso, segundo ela, foi possível notar uma série de convergências em relação ao posicionamento que o Brasil deve apresentar à ONU. A maior parte dos temas levantados pelos participantes já vêm sendo discutidas pelo Governo, como os que envolvem segurança alimentar e nutricional, empregos verdes e energia conta.

 

Liderança

 

Todos os setores que participaram da consulta pública requerem um papel de liderança do Brasil na Rio+20, quer seja por sua riqueza natural e cultural, quer seja pelos êxitos alcançados, desde 1992, nos três pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental.

 

“Há um forte alinhamento de todos os setores ouvidos no sentido de que o Brasil proponha um novo modelo de desenvolvimento global, monitorado por meio de indicadores de sustentabilidade, informa o Relatório Final da consulta pública. Ainda de acordo com o documento, um grande número de participantes sugeriu que a liderança internacional do Brasil seja acompanhada de coerência no trato das questões socioambientais internas.

 

Com relação ao legado da conferência para o Brasil, os participantes da consulta pública acreditam que a Rio+20 deve criar uma plataforma de diálogo permanente entre governos, sociedade e setor privado que perdure após 2012. Os setores também apontaram a criação de indicadores mensuráveis como forma de renovar o compromisso internacional com o desenvolvimento sustentável.

 

Avanços e lacunas

 

Quando questionados sobre os avanços e lacunas na implementação de documentos resultantes de conferências anteriores sobre desenvolvimento sustentável (Rio de Janeiro em 1992 e Joanesburgo em 2002), os participantes da consulta pública destacaram, como avanços, a maior conscientização entre os diversos setores da sociedade sobre os temas de sustentabilidade, a participação da sociedade civil nos processos decisórios e a inclusão de novos temas na agenda global de sustentabilidade. Entre as principais lacunas, os setores apontaram o déficit de implementação da Agenda 21. Outra lacuna apontada foi a questão do financiamento para o desenvolvimento sustentável: como mobilizar os recursos e como fazê-los fluir de forma eficiente, conta a assessora extraordinária adjunta da ASRIO.

 

Economia verde

 

" No quesito economia verde™, uma dos temas da Rio+20, os participantes acreditam que ela pode ser compatível com as estratégias de crescimento econômico e de combate à pobreza, e deve integrar as estratégias governamentais. O tema das compras públicas (estatais) sustentáveis como vetor de mudança nos padrões de produção e consumo foi citado por número relevante de consultados.

 

Todos os setores consultados se sentem parte da mudança pretendida rumo à sustentabilidade, articulando-se entre si em torno de temas como segurança alimentar, empregos verdes, energias renováveis, educação ambiental, planejamento urbano, novas métricas de riqueza, recursos hídricos etc. A consulta revelou que a sociedade acredita ser possível a integração dos três pilares da sustentabilidade. Ou seja, que é possível se ter uma estratégia de crescimento econômico calcada na inclusão social e no uso racional dos ativos ambientais, comenta Yana.

 

Em relação ao modelo de governança internacional para o desenvolvimento sustentável, outro tema a ser debatido durante a conferência, a consulta pública registrou percepções diversas. Os participantes apontaram, porém, que a estrutura das Nações Unidas, em especial o PNUMA [Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente], não corresponde ao nível de efetividade esperado. As propostas apresentadas transitaram desde uma reestruturação do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) até a criação de organismo com poderes equiparados aos do Conselho de Segurança, informa o Relatório.

 

Uma importante mensagem que a consulta pública deixa é que a sociedade organizada brasileira, de forma geral, espera que os ganhos oriundos da Rio+20 não se restrinjam aos avanços internacionais, mas, principalmente, sejam traduzidas na construção de um legado nacional espelhado em melhores práticas públicas e privadas”, conclui Yana Dumaresq Sobral.

 

Fonte  MMA: Leia aqui o Relatório Final da Consulta Pública Rio+20. 

http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/relatorio_consulta_publica_final_revisado2010_182.pdf

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

NIMA ORGANIZA GRUPO DE ESTUDOS PARA DISCUTIR OS TEMAS QUE SERÃO OBJETO DA RIO + 20

O Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) está organizando um Grupo de Estudo interdisciplinar de alunos e professores, destinado a estudar o tema: Mudança Climática e Planejamento Urbano, no contexto dos temas que serão objeto da Rio + 20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá no próximo ano no Rio de Janeiro). Os encontros ocorrem às 15h30 no NIMA, nos dias 25/10, 01/11, 08/11, 22/11, 06/12, 20/12.

 

Esse grupo de estudos é parte das ações da PUC para o Climate Change Initiatice (CCI) da UN-Habitat. O Grupo será coordenado pela Professora Maria Fernanda Lemos do departamento de Arquitetura e Urbanismo. A primeira reunião ocorrerá no dia 25 de outubro as 15h30 no NIMA. As reuniões são abertas a todos os interessados.

 

O CCI-NIMA está conectado com o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat), que é a agência da ONU responsável por garantir a Sustentabilidade Ambiental nos assentamentos urbanos e facilitar a troca de experiências e informações sobre moradia e desenvolvimento urbano-ambiental em nível mundial.

 

A meta do CCI-NIMA é criar uma rede de universidades na América Latina comprometida com as mudanças climáticas. O CCI-NIMA pretende desenvolver uma cultura na universidade que seja capaz de gerar projetos, pesquisas e produtos para a mitigação das mudanças climáticas. Os compromissos firmados para adequar a Universidade às diretrizes estabelecidas pelo UN-HABITAT são:

 

* Implementar nos Domínios Adicionais disciplinas de meio ambiente que tratem das mudanças climáticas e seus impactos nas cidades e na sociedade como um todo.

* Estimular a criação de disciplinas que tratem da questão das mudanças climáticas em temáticas específicas.

* Fomentar a médio prazo a criação de linhas de pesquisa e cursos de mestrado e doutorado em diferentes áreas do conhecimento na questão das mudanças climáticas.

* Estimular projetos multidisciplinares em parceria com o poder público na área de mudanças climáticas.

* Criação pelo NIMA de um grupo multidisciplinar de pesquisa visando estudar as ações de adaptação e mitigação que as cidades do Estado do Rio de Janeiro devem implementar para se adequar as conseqüências dos processos das mudanças climáticas.

* Organização de eventos regionais para integração das universidades do Brasil em torno das diretrizes.

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

LINK UTEIS PARA OS PESQUISADORES DA BIODIVERSIDADE NA AMERICA LATINA E CARIBE

EL ACUERDO PARA LA CONSERVACIÓN DE BOSQUES TROPICALES - ACBT (TROPICAL FOREST CONSERVATION ACT - TFCA)  - http://www.tfcaperu.org/esp/index.html

Un fondo de canje de deuda por naturaleza entre el Perú y los Estados Unidos, suscrito el 26 de junio del 2002, en el marco de la Ley de Conservación de Bosques Tropicales (Ley Portman), promulgada en el Congreso de los Estados Unidos en el año 1998. Mediante este acuerdo, el gobierno peruano realiza desembolsos parciales en un plazo de 12 años por un total de 10.6 millones de dólares para destinarlo al financiamiento de proyectos que contribuyan a la conservación de bosques tropicales.

Adicionalmente, Conservation Internacional - CI, The Nature Conservancy – TNC, World Wildlife Fund - WWF y el Gobierno de los EEUU suscribieron un acuerdo donde éstas se comprometieron a contribuir con US$ 1,1 millones con el fin de que el Gobierno de los EEUU autorice la cancelación de US$ 5,5 millones de la deuda del Gobierno del Perú. Posteriormente, el Gobierno de Perú, CI, TNC, WWF y Profonanpe (como administrador del fondo) suscribieron el Acuerdo para la Conservación de Bosques Tropicales con el fin de especificar la manera en que los pagos efectuados por el Gobierno peruano serían usados.

 

 

LA REDE DE FONDOS AMBIENTALES DE LATINOAMÉRICA Y EL CARIBE –  REDLAC

http://www.redlac.org/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=59&Itemid=237&lang=es

 

En diciembre de 1997 se reunieron en Mérida, México, los Fondos Ambientales establecidos en la región de Latinoamérica y el Caribe, con la finalidad de diseñar un mecanismo de integración para crear una red de cooperación, capacitación y fortalecimiento institucional. Durante este Taller se incorporó un comité promotor

encargado de dar forma a lo que sería la agenda de trabajo de la Red de 1999 a 2001.

En octubre de 1999 se creó la Red de Fondos Ambientales de Latinoamérica y el Caribe, RedLAC, llevándose a cabo la primera Asamblea de RedLAC, donde se realizaron diferentes actividades que tenían como objetivo apoyar el concepto de fortalecimiento de los miembros en capacidades estratégicas para su operación. Posteriormente se definió la Misión de RedLAC como: Construir un sistema efectivo de aprendizaje, fortalecimiento, capacitación y cooperación, a través de una Red de Fondos Ambientales con el fin de lograr una gestión ambiental sustentable y conservar el patrimonio natural de América Latina y El Caribe para beneficio de su población.

 

 

Bolsas para pesquisadores (Ver REDCal)

 

Taller 5 sobre Esquemas de Compensación y Offset abre inscripciones. El Proyecto de Capacitación de RedLAC abre inscripciones para el quinto taller sobre Oportunidades para los Fondos Ambientales en Esquemas de Compensación y Offset. El taller tendrá lugar en los días 11 a 13 de noviembre, justo después de la XIII Asamblea General de RedLAC en Paramaribo, Suriname. El taller será coordinado por el equipo de BBOP.

 

FIAES - FONDO DE LA INICIATIVA  PARA LAS AMÉRICAS (http://www.fiaes.org.sv/esp/enlaces.php )

 

Se origina en un Convenio Bilateral entre los Gobiernos de El Salvador y los Estados Unidos de América para condonar aproximadamente $464 millones de deuda externa, quedando pendientes $150 millones para ser repagados.  La propuesta fue ratificada en 1993, estableciendo que El Salvador pagaría unos $41.2 millones de los intereses de esa deuda durante 20 años, generando un fondo extinguible para financiar proyectos ambientales y de supervivencia infantil, bajo la administración de FIAES.

En reconocimiento a la labor del Fondo, fueron otorgados nuevos fondos en 2001 para apoyar proyectos en Bosques Tropicales por $14.4 millones para ser invertidos en un período de 25 años.

Es conducido por un Consejo de Administración integrado por ocho miembros: dos representantes designados por el Gobierno de El Salvador; un representante del Gobierno de los Estados Unidos de América y cinco representantes seleccionados por sus pares en la comunidad de Organizaciones No Gubernamentales (ONG) y Asociaciones de Desarrollo Comunal (ADESCOS).}}}

 

http://www.fiaes.org.sv/esp/ejecutoras.php => Varias agencias de fomento e financiamento de projetos sociais e ambientais na America Latina e Caribe=

*       Instituto Interamericano para la Agricultura- IICA  - http://www.iica.org.sv

IUCN –INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE -

Contribui para ajudar o mundo a encontrar soluções pragmáticas para o nosso ambiente mais prementes e desafios do desenvolvimento. Ele apoia a investigação científica, gerencia projetos de campo em todo o mundo e reúne governos, organizações não-governamentais, agências das Nações Unidas, empresas e comunidades locais em conjunto para desenvolver e implementar políticas, leis e melhores práticas.

 

PRONANPE - http://www.profonanpe.org.pe/experiencia03.html

La experiencia de PROFONANPE durante los últimos quince años ha permitido validar los aspectos fundamentales de su diseño institucional. Contar con un capital semilla inicial orientado tanto a darle un soporte institucional y al financiamiento de actividades de conservación en áreas protegidas ha constituido un mecanismo sumamente positivo.

La sostenibilidad ganada con este aporte ha sido clave para consolidar el proceso de desarrollo institucional de PROFONANPE y convertirlo en un mecanismo atractivo para la intermediación de fondos no reembolsables provenientes de diversas fuentes de cooperación internacional

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

GHG PROTOCOL LANÇA NOVOS PADRÕES PARA CARBONO

Considerando a necessidade de se conhecer as emissões de gases do efeito estufa de toda a cadeia de valor de uma empresa, líderes empresariais se reuniram nesta terça-feira (4) para a apresentação de novos padrões GHG Protocol

 

Em um mundo cada vez mais globalizado, onde até mesmo ínfimas partes de produtos e processos podem viajar milhares de quilômetros desde a sua fabricação até deposição, o conhecimento de todo este ciclo é vital para a saúde ambiental, social e financeira das empresas.

Na terça-feira (4), líderes empresariais do mundo todo se reuniram para a apresentação dos novos padrões GHG Protocol (GHGP), que estabelecem a primeira abordagem internacionalmente harmonizada para a mensuração e relato de inventários de gases do efeito estufa (GEEs) da cadeia de valor corporativa (Escopo 3) e ciclo de vida de produtos.

As empresas que aplicarem os padrões poderão mensurar e gerenciar todo o escopo de emissões, possibilitando melhorias de eficiência em suas cadeias de valor e o aperfeiçoamento de produtos.

“Os novos padrões foram uma resposta à demanda de nossos parceiros ao redor do mundo. Na Nova Zelândia, exportadores de laticínios estavam sendo pressionados a contabilizar as milhas (distância de viagem) dos produtos. Nos Estados Unidos, o Wall Street Journal enfatizou as dificuldades que uma empresa multinacional estava enfrentando em avançar em direção à neutralidade em carbono sem contabilizar os impactos da cadeira de fornecedores”, explicou Pankaj Bhatia, diretor do GHGP no World Resources Institute.

O ‘GHGP Corporate Value Chain’ (Escopo 3) revela oportunidades para as empresas tomarem decisões mais sustentáveis sobre suas atividades e sobre os produtos que compram e vendem, assumindo uma abrangência em nível corporativo.

O ‘Product Life Cycle Standard’ permite a mensuração das emissões de GEEs de um determinado produto, incluindo materiais, fabricação, uso e disposição.

Em conjunto com o GHG Protocol Corporate Standard, lançado em 2001, os três oferecem uma abordagem abrangente para a mensuração e gerenciamento das emissões da cadeia de valor, afirmam as entidades que criaram os padrões.

"Este conhecimento pode nos trazer economia tanto em termos de carbono como em custos, mas também é excitante pensar no que isto pode significar para o futuro na educação dos clientes e compras", comentou o vice-presidente e chefe de sustentabilidade da Alcoa, Kevin Anton.

As emissões do escopo 3 (cadeia de valor) são como um “tesouro” escondido do gerenciamento de GEEs, comentou a vice-presidente para Ciência e Pesquisas do World Resources Institute Janet Ranganathan, “é onde as surpresas e maiores oportunidades de redução geralmente são encontradas”.

A finalização dos padrões levou três anos e incluiu cerca de 2,5 mil parceiros ao redor do mundo. Os testes foram realizados por 60 empresas de 17 países.

Os próximos passos são o desenvolvimento de diretrizes específicas para cada setor e de programas de capacitação para apoiar o uso dos padrões. Além disso, Pankaj já enxerga as próximas áreas onde é necessário o estabelecimento de protocolos para a contabilização dos GEEs, como agricultura e produção de alimentos, cidades e políticas climáticas de países.

Pegada Ecológica

A reunião de informações sobre as emissões de GEEs, muito úteis para a correlação com outros fatores como o uso de energia, é apenas o começo de todo o inventário que uma empresa pode fazer para verificar o impacto que impõe sobre o meio ambiente.

Ao redor do mundo, outros padrões e iniciativas estão tentando lidar com este desafio, como o caso brasileiro da certificação Life, que visa orientar, qualificar e reconhecer organizações comprometidas com a realização de ações efetivas para a conservação da biodiversidade. Uma das ferramentas do Life é a mensuração do valor estimado de impacto à biodiversidade de cada organização.

Outra iniciativa, da ONG WWF, é a Pegada Ecológica, que nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos naturais e absorver os resíduos que geramos por muitos e muitos anos.

GHG Protocol

Lançado em 2001, o GHG Protocol é um conjunto de padrões e diretrizes para a contabilização e relato das emissões de GEEs, desenvolvidos por atores de diversos setores liderados pelo World Resources Institute e World Business Council for Sustainable Development (cujo representante no Brasil é o CEBDS).

Segundo Janet , quase 85% das 2.487 empresas que participaram do Carbon Disclosure Project em 2010 usaram diretamente o GHGP ou o fizeram através da participação em algum programa de mudanças climáticas.

O padrão ISO 14.064-1, da Organização Internacional para Padronização, é consistente com o GHGP Corporate Standard, primeiro protocolo lançado.

“Em particular, duas características tornam o GHGP único e bem sucedido: o processo com múltiplos stakeholders e os testes rigorosos da minuta dos padrões”, enfatizou Janet.

O GHGP Corporate Standard classifica as emissões de uma empresa em três escopos. As emissões do Escopo 1 são as diretas, de fontes próprias e controláveis; do Escopo 2 são indiretas, da geração de energia comprada; do Escopo 3 são todas as emissões indiretas não incluídas no anterior, que ocorrem na cadeia de valor de uma empresa.

A maioria das empresas grandes atualmente contabiliza e relata suas emissões dos escopos 1  e 2, porém as emissões ao longo da cadeia de valor geralmente representam os maiores impactos das empresas. Por exemplo, a empresa KraftFoods descobriu que as emissões da sua cadeia de valor compreendem mais de 90% do total.

 

Fonte: Fernanda B. Muller   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil/GHG

 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

NOTICIAS MDL SUSTENTAVEL - Brasil terá seguro para créditos de carbono

Oportunidade verde (Revista AE)

 

Se algumas empresas trabalham para se adequar a nova realidade que se desenha no mundo dos negócios, outras já saem na frente porque estão nascendo com um novo olhar incorporado e aproveitando as novas oportunidades que se abrem com o engajamento de pessoas, governos e do setor privado. Leia mais

 

Bioenergia: impactos sobre o clima (Revista AE)

 

Expansão sustentável da produção de etanol exige avaliações precisas sobre as mudanças no uso do solo em áreas que passam a ser ocupadas por culturas voltadas à geração de bioenergia, avaliam especialistas. Leia mais

 

Brasil terá seguro para créditos de carbono (Valor Econômico)

Em parceria com a Munich Re, maior resseguradora do mundo, a Fator Seguradora está lançando um seguro para projetos de crédito de carbono e instrumentos de redução de gases de efeito estufa.

A apólice cobre a perda de receita caso o projeto não gere os créditos de carbono previstos e comercializados.

O Brasil é o terceiro país com o maior número de projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), instrumento criado pelo Protocolo de Kyoto que traz a possibilidade de utilização de mecanismos de mercado para que os países desenvolvidos possam cumprir seus compromissos de

Cidades sustentáveis serão uma das principais discussões na Rio+20 (Jornal do Brasil)

 

O presidente da Câmara de Desenvolvimento Sustentável da prefeitura do Rio de Janeiro, o economista Sergio Besserman, quer estimular a mobilização e participação da cidade, principalmente dos jovens, na Conferência das Nações Unidas sobre ...Leia mais...

 

 

EVENTOS

Mudanças Climáticas: na agenda da economia (Revista AE)

Synergia Editora lança na terça-feira, 4 de outubro, no Rio de Janeiro, livro que avalia o grau de influência das mudanças do clima na agenda de desenvolvimento do Brasil. Estudo é inspirado no Relatório Stern

Mudanças climáticas em questão (Ambiente&Energia)

 

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2011, que acontecerá de 17 a 23 de outubro, vai colocar em debate o tema "Mudanças climáticas, desatres naturais e prevenção de risco" para difundir conhecimentos sobre a questão. Leia mais

 

 

Seminário discute como créditos de carbono podem ajudar reserva Tembé (PA)

 

Créditos de carbono garantem preservação da floresta – Há dois anos, o Poema discute com os indígenas mecanismos de promoção do desenvolvimento local a partir da redução da degradação ou a partir da preservação da floresta.  Leia mais

 

 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

INOVAÇÃO DEVE SURGIR NO ESPAÇO ENTRE EMPRESA E UNIVERSIDADE

Resistir é essencial

"Resistam!" Este foi o conselho, em uma palavra, dado pelo ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2005, Richard Schrock, aos acadêmicos brasileiros que se vejam pressionados a fazer pesquisa aplicada, sob o argumento de que é preciso suprir um papel no desenvolvimento econômico que não vem sendo desempenhado pelas grandes empresas.

"Na verdade, deve haver três áreas", explicou Schrock. "Os acadêmicos, as indústrias e um intermediário. Pessoas de espírito empreendedor, companhias start-up, possivelmente pessoas que venham da academia, que fazem descobertas e fundam empresas. São essas companhias que podem ser úteis para a indústria".

"A indústria não deve dizer aos acadêmicos o que fazer, isso é loucura", enfatizou Schrock, que dividiu o Nobel de 2005 com Yves Chauvin e Robert Grubbs, pelo desenvolvimento de uma reação, em química orgânica, que encontrou ampla aplicação em processos industriais, tanto na produção de fármacos quanto em outras áreas. "Nós na academia decidimos fazer o que é mais interessante para nós, não para eles".

O pesquisador reconheceu, no entanto, que a pressão para que a universidade encontre soluções rápidas para problemas atuais existe em várias partes do mundo. "Mas esta não me parece a melhor maneira de obter sucesso", ponderou. "Porque isso é só apagar incêndios, não é fazer progresso. Então, o que eu digo é, resistam!"

Distinção honesta

Schrock, que trabalhou na gigante química DuPont, traçou o que chamou de uma distinção "honesta" entre o trabalho de um pesquisador acadêmico e de um cientista contratado pela indústria:

"Companhias querem fazer dinheiro. Esta é a razão de ser delas. Na academia, faz-se ciência porque se acredita que essa é a coisa mais importante. Que avançar as fronteiras da ciência é o mais importante".

O pesquisador fez a ressalva de que "muita coisa boa acontece na indústria", mas lamentou o fim dos grandes laboratórios de ciência básica mantidos por corporações. "Eles não existem mais", declarou, acrescentando que não vê, na passagem por um grande centro industrial, uma etapa "fundamental" na formação de um cientista.

"A ciência acadêmica oferece uma experiência de aprendizado mais forte que a ciência industrial", disse.

Entre as consequências de ter ganhado o Nobel, Schrock mencionou o fato de estar "viajando muito". "As pessoas reconhecem meu nome, minha imagem, e tive a oportunidade de fazer coisas que não tinha tido antes, o que foi uma boa mudança".

Ele disse, no entanto, que as verbas para pesquisa continuam as mesmas.

Papel da universidade é o ensino

Outro ganhador do Nobel de Química, Ei-ichi Neghishi, premiado em 2010, disse que é preciso tomar cuidado para que a universidade não descuide do que, para ele, é sua principal função - o ensino.

"A melhor colaboração que a universidade pode dar ao país é a formação das mentes da nova geração", declarou. "Sem cabeças bem treinadas, não há como haver desenvolvimento, nem mesmo na indústria. Essas cabeças têm de começar, têm de vir da universidade".

O pesquisador acrescentou, porém, que em sua visão as universidades precisam receber algum tipo de orientação externa.

"Conheço muito bem a situação japonesa", disse. "Em minha opinião, as universidades lá não atuaram na área de pesquisa tão bem quando poderiam, ou deveriam. Como todas as organizações, as universidades pedem dinheiro, recebem dinheiro, e as coisas acabam crescendo além de um certo nível", ponderou.

Negishi disse que o Japão está, atualmente, reduzindo o número de suas universidades dedicadas à pesquisa, de 100 para 30. "Não sei se 30 é um bom número. Parece-me uma redução drástica", afirmou, mesmo reconhecendo que um ajuste no sistema japonês era, provavelmente, necessário.

Eliminando plantas e vacas

Para Negishi, o principal desafio atual de sua área de pesquisa - o desenvolvimento de catalisadores para reações orgânicas - está na busca por um meio de capturar gás carbônico da atmosfera e reaproveitá-lo como matéria-prima.

"As plantas fazem isso", disse ele. "Usam a luz do sol para converter CO2 em matéria vegetal, que depois as vacas comem, e transformam, por exemplo, em leite. Talvez seja possível não precisarmos mais desses estágios intermediários, as plantas e as vacas", exemplificou. Em sua opinião, o gás carbônico - cuja concentração na atmosfera, hoje, é tida como principal causa da mudança climática - é um recurso valioso, à espera apenas de um processo químico eficiente para ser aproveitado.

Tendo recebido o Nobel há menos de um ano, o cientista disse que gostaria de voltar para sua vida normal, mas que "ainda tenho que dar o que outras pessoas e outros países esperam, até um certo ponto".

Tanto Schrock quanto Negishi estiveram no Brasil para participar da Escola Avançada de Química, realizada entre 14 e 18 de setembro na Unicamp. Também vieram para a Escola outros dois ganhadores do Nobel de Química, Ada Yonath (2009) e Kurt Wüthrich (2002), além de outros importantes pesquisadores do Brasil e do mundo. (Fonte: Inovação Unicamp - 05/09/2011)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A CRISE E A APOSTA DE IGNACY SACHS PARA A RIO+20

A CRISE E A APOSTA DE IGNACY SACHS PARA A RIO+20

Saul Leblon

Há cinco anos, o mundo quase não encontra tempo para respirar. Manchetes em cascata regurgitam evidências de um magma em erupção. Desde a eclosão da crise imobiliária nos EUA, a partir de 2007, os fatos se precipitam a uma velocidade que não deixa dúvida: a história apertou o passo. Na ventania desordenada surgem os contornos de uma crise sistêmica . Restrita aos seus próprios termos, a engrenagem das finanças desreguladas não dispõe de uma alternativa para o próprio colapso. Uma crise se desdobra em outra. Iniciativas convencionais e cúpulas decisivas adquirem a validade de um pote de iogurte.

A desigualdade construída em 30 anos de supremacia dos mercados sobre o escrutínio da sociedade cobra sua fatura. Populações asfixiadas acodem às ruas. Governos se escudam em mais arrocho. Conquistar a confiança dos capitais semeia a desconfiança na política e o descrédito na democracia.

Nessa rota de colisão, a urgência ambiental tem um encontro marcado no Brasil em 2012: o país sediará a Cúpula da Terra, o mais importante fórum da ONU sobre as agendas, compromissos e diretrizes para reconciliar o desenvolvimento e o meio ambiente.

O que a sustentabilidade do século XXI pode esperar de Estados inabilitados para sustentar a própria contabilidade? Ou de governantes incapazes de se equilibrar sobre os próprios compromissos com os eleitores?

O professor Ignacy Sachs, economista e sociólogo, nascido na Polônia, naturalizado francês, brasileiro de coração não se impressiona com a metralhadora giratória dos impasses. ‘Digo que vivemos hoje uma dinâmica distinta daquela da Eco-Rio 92. E por incrível que pareça, talvez mais favorável ’, sentencia num claro desafio ao senso comum do desespero.

Governo, movimentos, partidos e entidades civis dispõem de pouco tempo, até outubro, para entregar a contribuição brasileira à conferência da ONU.

É aconselhável ouvir o que Sachs tem a dizer. Não é a voz de um personalismo. Mas o testemunho de um trunfo histórico: Sachs encarna o elo entre forças e agendas ainda desencontradas, mas de cuja afinidade depende em grande parte o êxito ou o fracasso da intervenção brasileira na Rio-2012 e, por que não, da própria cúpula.

O diálogo nem sempre fácil entre desenvolvimentistas, ambientalistas e a esquerda encontra na história desse workaholic de 84 anos, que vive entre o Brasil e a França, um idioma de pontos de convergência. Ele mistura desassombro e pragmatismo ancorados na experiência que adensa valores, em vez de descartá-los.

Sachs aportou no Brasil pela primeira vez em janeiro de 1941. Era o último navio de rota que saía de Portugal antes da interdição bélica dos oceanos ocupados por submarinos, minas e mísseis. Menino ainda, fugitivo de uma Polônia invadida pelo alemães, viu com encantamento o amanhecer na baia da Guanabara. “Contei os edifícios do navio, eram 42; em Varsóvia tínhamos apenas um. O Rio era o oposto daquele país atrasado que nos diziam, onde os macacos andavam pela rua. Era muito mais avançado que Varsóvia’.

O desassombro diante da vida moldou a sua inserção na história e as suas intervenções no mundo.

Neto de um avô banqueiro, alfabetizado numa Polônia nacionalista que se orgulhava de sua imbatível cavalaria, tão inexpugnável quanto a linha Marginaux, viu a família evadir-se de Varsóvia em 5 de setembro de 1939 levando apenas a bagagem de mão. “Deixamos para trás até o cachorro, Trol’. Seria um retiro de alguns semanas no campo, dizia o avô confiante –até que a valorosa cavalaria polonesa vencesse os tanques alemães. “O intervalo foi maior. Meu avô era um homem das finanças, portanto, bem informado, mas a história quando se move o faz com uma velocidade espantosa. Para o bem e para o mal. Sua capacidade de surpreender é impressionante ”, pondera Sachs.

Para atualizar os mais jovens, os muito céticos e, ao mesmo tempo, os cegos de otimismo ele explica: “Dias antes, talvez uma semana antes de Hitler invadir a Polônia, Molotov e Ribbentrop , respectivamente chanceleres russo e alemão, haviam assinado o pacto de não agressão. Deu-se o oposto: Hitler a invadiria a Polônia e dezesseis dias depois a Rússia ocuparia o país. Saímos de casa para um breve retorno, com base nos fatos e informações de 1º de setembro. A guerra mundial estendeu-se por anos; matou 40 milhões de pessoas’.

Ignacy Sachs voltaria a Polônia em 1954 para comprovar que a história de fato não se submete a roteiros lineares. Em 1960, o neto de banqueiros trabalhava no planejamento socialista do país liderado pelo economista Michael Kalecki, hoje reconhecido como um precursor de Keynes. De novo, a história fez das suas. Kalecki escrevia em polonês, não em inglês. Quem ficou famoso com as mesmas idéias foi Keynes.

Sachs trabalhou com Kalecki de 1960 a 1968. Dois anos depois ele estava em Osaka, no Japão, ao lado do economista Shigeto Tsuru, estudioso japones do marxismo. Testemunhou e discutiu ali um dos mais emblemáticos acidentes ecológicos do século XX: o desastre de Minamata. A contaminação por mercúrio industrial na baía com aquele nome matou 900 pessoas. Afetaria mais de dois milhões de japoneses que se alimentaram de peixes do lugar.

Desde então Sachs participaria ativamente dos eventos divisores da agenda ambiental, como a reunião de Estocolmo, em 1972 e, naturalmente, da Rio-92.

O que o torna uma ponte importante para certos impasses da agenda ambiental, é que – ao contrário de muitos – ele não renunciou a uma formação ecumênica.

Desenvolvimentista, como Celso Furtado, aliou à agenda do crescimento os valores da justiça social. Adepto do planejamento, renovou essa ferramenta despindo-a do autoritarismo tecnocrático para vesti-la com o diálogo entre as vozes da cidadania, mediadas pela harmonização do poder público. Ao conjunto adicionou o que denomina ‘imperativo do equilíbrio ambiental’.

De certa forma sua biografia realiza a fusão de que se ressentem tanto os desenvolvimentistas, a esquerda e os ambientalistas na busca de uma convergência capaz de renovar a plataforma da luta política em nosso tempo.

É dessa arquitetura histórica que ele critica o ressurgimento malthusiano que contamina certo ambientalismo, adepto do decrescimento para dizer: ‘se acham que a humanidade passou do ponto, tirem as consequências disso: como será feita a eliminação do excesso?’.

A seguir, os principais trechos da conversa de Carta Maior com Ignacy Sachs:

Carta Maior – Em 1992, a Cúpula da Terra, no Rio, foi atropelada pela emergência do ciclo neoliberal. A Cúpula de 2012 acontece em meio a maior crise do capitalismo desde 1929. De novo vamos na contramão?

Ignacy Sachs – De fato, a Rio-92 foi uma grande conferência com uma

agenda bastante razoável, mas que coincidiu com o fim da União Soviética e a emergência da onda neoliberal que varreu o mundo. O resultado é que de lá para cá nós não avançamos, nós recuamos.

CM – Que marcos o senhor destacaria nesse retrocesso?

IS – Bom, tivemos Bush! A guerra do Iraque… e tudo o que se originou dessa correlação de forças em termos de consequências ambientais. A Rio-92 aconteceu na contramão da história.

CM – Agora, a cúpula de 2012 será atropelada pela crise?

IS – Embora o tempo para prepará-la seja muito, muito pequeno e isso condicione o que podemos pensar em termos de agenda brasileira, talvez ela ocorra num porvir histórico mais favorável.

CM – Mas a crise atual acua governos e muitos se aferram à radicalização dos mesmos princípios que a originaram…

IS – A crise é a evidência contundente de que a receita neoliberal fracassou. E isso com certeza amplia o campo para se propor uma outra visão do futuro.

CM – Qual visão?

IS – Comecemos pelo que se pode querer da conferência. Em primeiro lugar, a Rio-2012 deve ser um ponto de ordenação de agendas. Os países membros das Nações Unidas devem sair dela comprometidos a trazer, num prazo de dois anos, seus planos de desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivos. Ao mesmo tempo, é imprescindível reconstruir ferramentas institucionais. É preciso reposicionar a velha casa das Nações Unidas para as gigantescas tarefas que temos diante de nós.

CM – O que isso significa em termos práticos?

IS – Significa que sem dinheiro não iremos a lugar algum, muito menos a um mundo sustentável. É necessário resgatar a agenda de construção de um fundo para o desenvolvimento inclusivo e sustentável dos países mais pobres. Não cumprimos essa etapa no passado, ela sempre volta; terá que ser enfrentada agora. Nos anos 60/70 tínhamos a meta do famoso ‘1%’ dos países ricos para financiar a emancipação das nações pobres. Acho imprescindível retomá-la.

CM – Mas nem para a fome no Chifre da África há recursos …

IS – Nunca chegamos perto desse 1%. No melhor dos momentos apenas alguns países escandinavos se aproximaram de 0,8%, algo assim.

CM – Em pleno florescer do arrocho fiscal é viável resgatar essa agenda?

IS – Arrocho fiscal diante de uma crise como essa é um despropósito. Um náufrago agarra qualquer coisa que tenha pela frente, o que não significa que irá se salvar. O que estamos vendo é o oposto do que recomenda o bom senso e o keynesianismo. Não terá êxito. Vejo cinco portas de abertura para a criação de um financiamento adequado às metas de Rio-2012. A primeira, retomar a agenda do famoso 1% dos ricos; a segunda, criar uma taxa sobre emissão de carbono; a terceira, e creio que o momento é muito favorável, retomar a campanha pela taxa Tobin sobre transações financeiras; a quarta, e essa é uma sugestão minha: instituir pedágios sobre oceanos e ares, um percentual mínimo sobre passagens aéreas e marítimas; a quinta, multiplicar acordos plurianuais de comércio internacional, sobretudo de commodities, para estabilizar fluxos e preços e reduzir as flutuações especulativas que causam inflação e fome. Aqui abre-se espaço para resgatar uma proposta de autoria do Kalecki, feita na primeira Unctad, em 1964.

CM – Qual?

IS – A idéia é que nesses acordos comerciais de longo prazo, os preços das commodities tenham cláusula de reajuste bianual. As correções baseadas em médias de bolsas sofreriam um abate de 50% para cima e para baixo: se aumentar 10%, só aumenta 5%; se cai 10% só cai 5%. Com isso se atinge o objetivo de atenuar as flutuações.

CM – Isso tudo pode ser a proposta brasileira na Rio-2012?

IS – Poderia. Mas não acho que teremos um consenso no curto tempo disponível. Não é o fundamental. Insisto que a cúpula do Rio tenha uma natureza deflagradora e organizadora. Que seja capaz de fomentar planos a serem debatidos numa segunda rodada. Os americanos quando fizeram a Aliança para o Progresso, cujo objetivo era combater a Revolução Cubana, acabaram fomentando planos de desenvolvimento local. É um pouco esse efeito que devemos buscar agora para recolocar a agenda ambiental numa mesa ocupada exclusivamente pelas urgências da crise econômica.

CM – O grande ponto de divergência hoje, que divide inclusive esquerda e ambientalistas – e estes e os desenvolvimentistas – é quem vai arcar com o sacrifício do desenvolvimento sustentável. Ou seja, quem vai cortar emissões e quanto?

IS – A resposta é o conceito de pegada ecológica (per capita). Alguns povos, sobretudo países pobres e em desenvolvimento, ainda tem espaço potencial para expandir a pegada; outros, os ricos, terão que reduzi-la. A criação de emprego digno e decente deve pautar tanto a expansão quanto a geração de vagas alternativas no esforço para reduzir a pegada ecológica. Esses elementos devem pautar a formulação dos planos de desenvolvimento sustentáveis e inclusivos em esfera nacional.

Posteriormente, eles seriam harmonizados em dimensão global.

CM – Além de afrontar a lógica neoliberal, recolocando o planejamento, a sustentabilidade e a justiça social na mesa da crise, que outra marca política forte terá a Rio-2012?

IS – Será a 1º conferência do Antropoceno assumido.

CM – Como assim?

IS – Ao contrário do passado, quando ainda se discutia a influência ou não do homem no metabolismo planetário, agora não há mais dúvidas. Grupos científicos consolidarão até 2012 a evidencia irrefutável – para quem ainda duvida – de que vivemos no Antropoceno. Ou seja, a influência humana pesa de maneira decisiva no comportamento do ambiente terrestre. É o reconhecimento tardio, com dois séculos de atraso, de algo que ocorre desde a Revolução industrial. Mas é um divisor político com desdobramentos importantes.

CM – Por exemplo?

IS – Uma conferência com esse escopo deve ir necessariamente à raiz dos desafios e das responsabilidades. Temos que assumir essa responsabilidade com humildade. Nossa influência é preponderante, mas não somos deuses. Não temos o poder de governar a natureza.

CM – A aceitação do marco antropocênico não pode, ao mesmo tempo, fortalecer catastrofistas, neomalthusianos e similares; enfim, aqueles que recusam o desenvolvimento?

IS – Nós não estamos vivendo uma catástrofe irreversível. Podemos planejar o desenvolvimento sustentável e inclusivo. O catastrofismo e o malthusianismo não se justificam.

CM – A agenda da descarbonização, por exemplo, frequentemente soa como um pedido de renúncia ao crescimento.

IS – Minha posição é muito firme. As teses do decrescimento não procedem. Podemos e devemos crescer. O que é preciso é mudar os rumos do desenvolvimento para que ele seja inclusivo socialmente; e, número dois, tenha baixo impacto ambiental. Para isso é necessário planejamento, com ampla participação da sociedade.

CM – Falar em decrescer significa, por exemplo, deixar fora da discussão ambiental a China, que hoje é a fábrica do mundo…

IS – Descarbonizar a dieta de um camponês chinês e deixar livre o dono de um iate, que se desloca de jatinho de Nova Iorque para velejar na Flórida, é um absurdo. Ademais, não se trata de descarbonizar genericamente. Mas, sim, de renovar a agenda do desenvolvimentismo com base em inclusão e baixo impacto ecológico. A descarbonização será a decorrência desse processo. Não uma restrição antecedente que esmaga quem ainda vive na pobreza.

CM – A ressurgência neomalthusiana forma uma corrente cada vez mais forte; que riscos acarreta ao ambientalismo?

IS – Minha resposta a quem diz que não dá mais, ou seja, que o planeta ficará inviável com 9 bilhões de habitantes é a seguinte: extraia as consequências desse postulado.

CM – Quais são elas?

IS – Estão na obra de Jonathan Swift (*Em 1729, o escritor Jonathan Swift, autor das ‘Viagens de Gulliver, apresentou o que chamou de “modesta proposta” para resolver o problema da infância abandonada no seu país. Famílias pobres venderiam seus filhos para serem degustados como fina iguaria pelas famílias ricas. Segundo ele, sua “modesta proposta” daria renda aos pobres e uma nova delícia gastronômica à nobreza, criaria empregos na rede hoteleira e tiraria da rua a infância abandonada).

CM – Esse é o cardápio oculto do neomalthusianismo?

IS – Sim, e se o diagnostico é esse, vamos dar-lhe as devidas consequências: será por sorteio, por meio de uma guerra nuclear ou através da modesta proposta de Swift? Qual será o método de eliminação do excesso? Infelizmente, há muita gente que pensa de forma malthusiana. Tive uma discussão desse tipo com o oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau; Lovelock também pensa assim.

CM – A tese da descarbonização embute esse risco?

IS – Temos que encarar esse debate seriamente. Mesmo porque a população vai a 9 bilhões, isso está escrito no mapa de percurso da humanidade. Está dado. A pergunta é: podemos ter uma vida razoável com 9 bilhões? Eu acredito que sim, dentro dos parâmetros com os quais qualificamos a nova agenda do desenvolvimento. Agora, podemos ter a mesma qualidade ambiental e social com 90 bilhões de pessoas? Não. Mas a verdade é que uma multiplicação descontrolada como essa apenas evidenciaria a síndrome de um desequilíbrio. A miséria é uma de suas características. A estabilidade demográfica, em contrapartida, ocorre progressivamente desde que outras variáveis estejam presentes, entre elas eliminação da pobreza.

CM – A Europa que já foi importante aliada da agenda ambiental vive um trágico crepúsculo da social-democracia, colonizada pelo neoliberalismo. Isso vai atrapalhar a Rio-2012?

IS – Não vejo a Europa à beira de uma guerra como no final dos anos 30, mas vejo-a, entristecido, perder sua aderência política à idéia de solidariedade. O que ocorre dentro da próprio UE, com os ricos se afastando os mais pobres. Assistimos à emergência de um perigoso egoísmo social. Até prova em contrário, acredito que a solidariedade é um sentimento intrínseco ao fato humano. Ou então teríamos que abraçar a teoria de Hobbes: o homem é o lobo do homem. O capitalismo puro e duro sim, é isso. Daí a necessidade de organizar os contrapesos.

CM – A social-democracia européia renunciou ao social e ao ambiental?

IS – A social-democracia perdeu o rumo há muito tempo. Eles não entenderam o neoliberalismo, quiseram surfar na onda, agora estão encrencados e muitos divididos. As respostas que deram à crise não foram pela esquerda.

CM – Diante da tarefa imensa que é planejar o Antropoceno esse acanhamento europeu não o deixa pessimista?

IS – É muito difícil prever o desfecho político de uma crise dessas proporções. É verdade que ela nos pega despreparados. Não tivemos êxito em reconstruir uma verdadeira organização cooperativa mundial, por exemplo. Pior, regredimos em inúmeras frentes. Estamos muito longe, também, do paradigma fiscal introduzido por Roosevelt nos EUA. Enfim, vivemos uma crise sem um New Deal. No entanto, as coisas mudam muito rapidamente. Veja a crise de 29. Em 36, tivemos a vitória da Frente Popular, na França; em 38, tivemos o acordo de Munique entre França Alemanha e Inglaterra. Em 39 a invasão da Polônia… Ao mesmo tempo, quem teria acreditado em 1987 que dois anos depois a União Soviética desmoronaria? A história quando se movimenta o faz com rapidez e de forma muito distinta dos modelos preconcebidos. Há um espaço para a Eco-2012 e ele pode se ampliar rapidamente. É necessário estar preparado  (Carta Maior)